terça-feira, 31 de maio de 2011

Bilinguismo produz cérebros fortes

Numa entrevista para o jornal The New York Times publicada ontem, a neurocientista Ellen Bialystok, da Universidade de York em Toronto, que há quase 40 anos estuda a relação entre bilinguismo e desenvolvimento do cérebro, confirma que, entre outros benefícios, o uso regular de duas línguas parece retardar o aparecimento dos sintomas da doença de Alzheimer.



A cientista fez dois estudos. No primeiro, publicado em 2004, verificou que, ao envelhecerem, pessoas bilíngues tinham um funcionamento cognitivo melhor do que monolíngues. O segundo estudo analisou os prontuários de 400 pacientes de Alzheimer. Em média, os bilíngues apresentaram sintomas de Alzheimer cinco ou seis anos mais tarde do que monolíngues, o que não significa que os bilíngues não têm Alzheimer, mas sim que quando a doença está em seus cérebros, eles são capazes de continuar funcionando em um nível acima dos monolíngues e podem lidar com a doença por mais tempo.  Mas para obter este resultado uma pessoa tem que usar as duas línguas o tempo todo; ela não irá receber o benefício se usar mais de uma língua apenas ocasionalmente.

As pesquisas da Dra. Bialystok também demonstraram que pessoas bilíngues têm um sistema cognitivo com capacidade de se ater às informações mais importantes e ignorar as menos importantes. Segundo ela, há um sistema em nosso cérebro, o sistema de controle executivo, cuja função é manter o foco no que é relevante, ignorando distrações. É o que torna possível para nós termos duas coisas diferentes em nossa mente ao mesmo tempo e alternar entre elas. Se temos duas línguas que usamos regularmente, cada vez que falamos a princípio ambas as línguas são ativadas, e o sistema de controle executivo tem que decidir o que é relevante no momento. Portanto, pessoas bilíngues usam o sistema de controle executivo com maior frequência, o que faz com que ele se torne mais eficiente.

O desenvolvimento de novas tecnologias de neuroimagem ajudou os cientistas a ver como as estruturas cerebrais trabalham em harmonia. Em termos de monolíngues e bilíngues, a pesquisadora descobriu que as conexões são diferentes. Portanto, monolíngues resolvem um problema usando sistemas X, mas quando bilíngues resolvem o mesmo problema, eles usam outros sistemas. Aparentemente bilíngues usam uma rede de sistemas que pode incluir centros de linguagem para resolver problema não-verbais. Seus cérebros parecem se configurar de maneira diferente por causa do bilinguismo.

Segundo a Dra. Bialystok, há duas razões principais por que pais que vivem fora de seu país devem ensinar sua língua materna para os filhos. A primeira é porque isso conecta as crianças a seus antepassados. A segunda é o resultado da sua pesquisa: bilinguismo é bom para as pessoas, pois envolve um exercício mental que produz cérebros fortes.

A entrevista pode ser lida na íntegra
aqui.




Copyright © Claudia Storvik, 2011. All rights reserved. 


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9 comentários:

Celi disse...

Que interessante esse post. Não fazia idéia de tudo isso. Obrigada por compartilhar.
Como é importante sabermos da importância e mais sobre o bilinguismo. Ainda mais quando temos filhos que falam mais de uma língua.
Um beijo.

Carol Szabadkai disse...

Que legal!
Em geral já acho que o bilinguismo faça bem ao cerebro mesmo, pois vejo como meuus filhos vêem as coisas com muito mais clareza nos pensamentos que eu quando criança, mas não sabia desses fatos e fiquei muito feliz. Com histórico de uma avó com Alzheimer, tenho medo da doença... bom saber que tenho um tempo a mais... rsrsrs
Obrigada pela informação!
Beijinhos!

Neda disse...

Claudia, muito interessante o material. Seria uma uma ginastica cerebral involuntária? Fico pensando se é preciso o uso constante das duas linguas ou se haver aprendido outro idioma no passado, mesmo que há muito esteja sem uso, também seja relevante?
Bjs

Claudia Storvik disse...

Ola Neda. A cientista fala deste ponto especifico na entrevista. Voce tem que usar as duas linguas o tempo todo. Nao parece haver o mesmo beneficio no uso apenas ocasional de uma segunda lingua. Um abraco, Claudia

Patrícia disse...

Claudia, além de bonito, seu blog é muito instrutivo... parabéns!!
Já que você gosta de navegar pelo universo do bilinguismo, gostaria de dar uma dica a vc e a quem aqui passar.
Dê uma olhada no blog www.ensinobilingue.com.br
A intenção por lá, assim como a sua, é esclarecer as dúvidas sobre o assunto.
Um abraço pra vc!!

Claudia Storvik disse...

Ola Patricia, obrigada pelo comentario e pela dica. Passei la no ensinobilingue e achei o blog excelente mesmo. Um abraco, Claudia

Ana disse...

Olá, muito legal seu blog!
Escrevo para o blog http://www.ensinobilingue.com.br/ você conhece?
Dá uma olhada lá, que temos muitas informações legais sobre o ensino e a prática bilíngue, assim como vocês!!

Abraços!

Claudia Storvik disse...

Ola Ana, obrigada pelo comentario. Conheco seu blog sim, e gosto muito. Parabens. Um abraco, Claudia

Anônimo disse...

coloco minha filha desde 1 ano a ver desenho em portugues e ingles. hj ela tem 1 ano e meio e não fala portugues nem inglês , entende todo o portugues.gostaria de saber que colocando-a em contato com desenho em inglês ajuda até que ponto o bilinguismo?

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