A cientista fez dois estudos. No primeiro, publicado em 2004, verificou que, ao envelhecerem, pessoas bilíngues tinham um funcionamento cognitivo melhor do que monolíngues. O segundo estudo analisou os prontuários de 400 pacientes de Alzheimer. Em média, os bilíngues apresentaram sintomas de Alzheimer cinco ou seis anos mais tarde do que monolíngues, o que não significa que os bilíngues não têm Alzheimer, mas sim que quando a doença está em seus cérebros, eles são capazes de continuar funcionando em um nível acima dos monolíngues e podem lidar com a doença por mais tempo. Mas para obter este resultado uma pessoa tem que usar as duas línguas o tempo todo; ela não irá receber o benefício se usar mais de uma língua apenas ocasionalmente.
As pesquisas da Dra. Bialystok também demonstraram que pessoas bilíngues têm um sistema cognitivo com capacidade de se ater às informações mais importantes e ignorar as menos importantes. Segundo ela, há um sistema em nosso cérebro, o sistema de controle executivo, cuja função é manter o foco no que é relevante, ignorando distrações. É o que torna possível para nós termos duas coisas diferentes em nossa mente ao mesmo tempo e alternar entre elas. Se temos duas línguas que usamos regularmente, cada vez que falamos a princípio ambas as línguas são ativadas, e o sistema de controle executivo tem que decidir o que é relevante no momento. Portanto, pessoas bilíngues usam o sistema de controle executivo com maior frequência, o que faz com que ele se torne mais eficiente.
O desenvolvimento de novas tecnologias de neuroimagem ajudou os cientistas a ver como as estruturas cerebrais trabalham em harmonia. Em termos de monolíngues e bilíngues, a pesquisadora descobriu que as conexões são diferentes. Portanto, monolíngues resolvem um problema usando sistemas X, mas quando bilíngues resolvem o mesmo problema, eles usam outros sistemas. Aparentemente bilíngues usam uma rede de sistemas que pode incluir centros de linguagem para resolver problema não-verbais. Seus cérebros parecem se configurar de maneira diferente por causa do bilinguismo.
Segundo a Dra. Bialystok, há duas razões principais por que pais que vivem fora de seu país devem ensinar sua língua materna para os filhos. A primeira é porque isso conecta as crianças a seus antepassados. A segunda é o resultado da sua pesquisa: bilinguismo é bom para as pessoas, pois envolve um exercício mental que produz cérebros fortes.
A entrevista pode ser lida na íntegra aqui.
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