segunda-feira, 22 de abril de 2013

O poder da fala


Em vários posts anteriores, especialmente nos que trato do desenvolvimento da linguagem, menciono que é muito importante que os pais falem bastante com os filhos pequenos. Uma das causas mais comuns de atraso no desenvolvimento da fala e de outras habilidades, tanto de crianças bilíngues como de monolíngues, é simplesmente a falta de estímulo.




Quando minha filha era bebê eu falava muito com ela, explicava tudo, descrevia o que estava à nossa volta, o que estávamos fazendo, filosofava em voz alta, contava casos, estorinhas, etc. Como eu sabia que eu era a única fonte de aprendizado de português para ela, eu caprichava intencionalmente no início, mas com o tempo isso se tornou um hábito. Acabei ficando tão acostumada a agir assim que quando nós adotamos dois gatinhos eu passei a falar com eles também sem parar. Todos diziam que daquele jeito eu ia acabar ensinando os gatos a falar português!

Agora um artigo publicado no site do New York Times discute a importância dessa prática e sugere que a chave para a aprendizagem precoce em geral parece estar na fala - mais especificamente, na exposição de uma criança à língua falada pelos pais desde o nascimento até os três anos de idade. Quanto mais, melhor.

O artigo começa explicando que com um ano de idade uma criança pobre provavelmente já tem um atraso com relação a crianças de classe média da mesma idade em sua capacidade de falar, compreender e aprender. A diferença entre as crianças pobres e as mais ricas aumenta a cada ano, e quando entram na escola já existe um abismo entre elas. Tentativas de fechar essa lacuna nas escolas têm falhado, e alguns especialistas sugerem que essas tentativas devam começar muito antes da escola ou da pré-escola, talvez até mesmo antes do nascimento.

No entanto, não há unanimidade sobre a forma que essas tentativas devam tomar, porque não há consenso sobre o problema em si. Por que a pobreza limita a capacidade da criança de aprender?

Entra no debate uma idéia nova: a de que a chave para a aprendizagem precoce está na exposição de uma criança à língua falada pelos pais desde o nascimento até os três anos de idade.  A idéia já foi colocada em prática com sucesso em pequenos estudos, mas está prestes a obter seu primeiro teste em grande escala. A cidade de Providence, nos Estads Unidos, que já tem uma rede de programas em que enfermeiros, conselheiros, terapeutas e assistentes sociais fazem visitas domiciliares regulares a mulheres grávidas, novos pais e filhos, oferecendo atendimento médico e aconselhamento e terapia,  agora vai treinar esses profissionais para oferecer um novo serviço: estimular a conversação entre pais e filhos. O programa será baseado em pesquisas que demonstram que, em média, aos três anos de idade uma criança pobre ouviu 30 milhões de palavras a menos em seu ambiente doméstico do que uma criança de classe média. E quanto maior o número de palavras que a criança ouviu de seus pais ou responsáveis ​​antes dos três anos, maior o seu QI e melhor o seu desempenho escolar.

Providence planeja começar a matricular famílias no programa em janeiro de 2014, e espera atingir cerca de 2.000 novas famílias a cada ano. Os profissionais vão compartilhar com as famílias estratégias específicas para falar mais: como é que você fala com o seu bebê sobre o seu dia? Qual é a melhor maneira de ler para seu filho? Segundo o prefeito de Providence, esta é uma oportunidade de colocar as crianças mais pobres em pé de igualdade com as de classe média.

Então vamos lá, mesmo que você não more em Providence, guarde esse iPhone/iPad/laptop e comece a falar com seu filho. Quanto mais, melhor!

O artigo do New York Times pode ser acessado na íntegra aqui


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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Que tal uma temporada no Brasil para seu filho se tornar bilíngue?



A idéia de passar um tempo no Brasil para que seu filho aprendesse português já passou pela sua cabeça? Num artigo publicado no blog SpanglishBaby a blogueira Silvia Martinez, radicada na Califórnia, conta sobre a experiência de passar quase um ano no México para que seus filhos se tornassem bilíngues.

A língua que os filhos de Silvia aprenderam primeiro foi o espanhol, porque estavam com ela o tempo todo, mas quando o mais velho começou a frequentar a escola ele decidiu que não queria mais falar espanhol. Logo a língua favorita para a comunicação entre ele e o irmão mais novo passou a ser o inglês. Silvia não parou de ler para eles em espanhol, colocar músicas em espanhol, etc. e tal, mas, apesar de seus esforços, o inglês estava se tornando a língua dominante de seus filhos.

Silvia e o marido então decidiram que a família passaria um tempo no México. Ela, que havia deixado o México em 2001 e tinha voltado apenas para visitas curtas, adorava a idéia de viver novamente perto da família e imergir seus filhos no espanhol.  Agora, depois de oito meses no México, são três as coisas que a autora diz ter aprendido:

1.       Cada criança tem seu tempo: seu filho mais velho começou a falar espanhol em apenas cinco semanas, o mais novo levou 5 meses.

2.       Você tem que ser paciente: os meninos estavam felizes inicialmente, mas com o tempo foram ficando menos entusiasmados. Ouvir espanhol durante todo o dia era cansativo e eles se sentiam excluídos, sem entender o que estava acontecendo ao seu redor. Mas segundo Silvia sua perseverança valeu a pena.

3.       Se a oportunidade bater à sua porta, agarre-a: às vezes você tem que ser corajoso e dar um salto no escuro.

A blogueira diz ter tido medo, dúvidas e incertezas, mas a apenas algumas semanas da volta da família para a Califórnia, todos esses sentimentos parecem infundados. Seus filhos experimentaram em primeira mão sua herança latina, sua cultura, suas raízes – e o mais importante, tornaram-se 100% bilíngues.





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