segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

... Cinco, seis, falar franglês

Outro dia deparei acidentalmente com um artigo interessante escrito por Charles Timoney, um inglês casado com uma francesa, que se mudou para Paris há 25 anos e lá criou dois filhos, que já estão na universidade. O artigo, entitulado “Let's parler Franglais”  (algo como “Vamos falar franglês”), trata da experiência de criar filhos bilíngues.



Segundo o autor, o bônus inesperado de se viver no exterior é que você ganha filhos bilíngues quase que de graça. Ele diz que o processo é muito mais simples do que se imagina: o único requisito é que os pais falem cada um na sua língua materna com os filhos – ele sempre falou inglês com os dele, e a mulher francês. Como sabemos, essa é uma das fórmulas básicas do bilinguismo infantil, o famoso  método “one parent, one language”. Mas a dificuldade de Charles era fazer com que as crianças respondessem para ele em inglês, pois, por viverem na França, francês era a língua dominante no meio e a tendência era que elas respondessem em francês.

O pai, um homem obviamente determinado, achou uma solução: disse aos filhos, quando ainda pequeninos, que não respondessem em francês porque ele não entendia uma palavra sequer daquela língua. Aparentemente, quando as crianças descobriram que isso não era verdade era tarde demais! Uma solução perspicaz para um problema extremamente comum para famílias tentando ensinar a seus filhos uma língua que não é a falada em seu país de residência. Charles teve mais sucesso que muitos outros pais na mesma situação.

O autor também admite não ser fácil falar somente uma língua “estrangeira” com seus filhos o tempo todo: em lojas, na escola, restaurantes, na casa dos outros e, especialmente, em frente dos amigos dos filhos.

Como nós também fizemos com nossa filha, Charles e sua esposa sempre tentaram conscientizar seus filhos dos benefícios do bilinguismo, explicando que eles eram privilegiados, pois algumas pessoas falavam inglês, outras francês, mas eles falavam ambos. No entanto, numa certa ocasião a filha do casal foi vista dizendo com muito orgulho a uma amiga que ela falava três línguas: inglês, francês e “ambos”.  Criança bilíngue tem cada uma...

Os filhos de Charles dizem que ter crescido com um pai que falava uma outra língua com eles o tempo todo não foi embaraçoso de forma alguma, mas eles sempre foram considerados ingleses por seus amigos. Segundo o pai, pelo menos quando os apresentavam a outras pessoas seus amigos diziam, "Ils sont anglais, mais sympas" – “Eles são ingleses, mas são simpáticos”.

Parece que no final os filhos de Charles se tornaram ao mesmo tempo ingleses, franceses e “ambos”.  Sorte a deles!


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5 comentários:

Bobry disse...

Não sei nem como cheguei aqui, mas seu blog é um achado. Parabéns!
http://porquecontinuamoscasadas.blogspot.com/

Alice Antonelli disse...

ooooooooiii! estou apaixonada por esse seu blog! e muito, mas muito legal! quando eu tiver mais tempo vou sentar e ler cada post um por um! hehehe! x beijao amiga, e parabens!

Claudia Storvik disse...

Oi Alice, que bom que voce gostou! Obrigada por se tornar seguidora e pelo comentario. Conheci o Hyperbole and a half atraves do seu perfil – amei. Volte sempre. Um abraco, Claudia

Saeko RJ disse...

Claudia, adorei seu blog e obrigada por compartilhar suas experiências. Adorei os desenhos da sua filha também! Sou japonesa casada com brasileiro e estaremos mudando para o Brasil neste ano. Já que meu filho de 3 anos fala muito bem japonês, acho que vou fazer igual ao Timoney! Deve ser difícil falar português sempre escondido...

Claudia Storvik disse...

Ola Saeko, obrigada pelo comentario - e muita sorte no Brasil! Um abraco, Claudia

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