terça-feira, 24 de maio de 2011

Biculturalismo - Como culturas se combinam e se misturam

Dr. François Grosjean, Ph.D. em Psicologia, publicou recentemente um artigo no seu blog Life as a Bilingual, do site Psychology Today, que achei muito interessante. Entitulado ‘How cultures combine and blend in a person’ (Como culturas se combinam e se misturam em uma pessoa), o artigo trata de biculturalismo.



O autor diz que pessoas biculturais geralmente têm três características. Primeiro, elas participam de duas ou mais culturas. Segundo, elas adaptam, pelo menos em parte, suas atitudes, comportamentos, valores, etc, para essas culturas. E terceiro, elas combinam e misturam aspectos das culturas envolvidas. Certas características da pessoa são provenientes de uma ou de outra cultura, enquanto que outras são uma mistura das várias culturas.

O artigo nota que enquanto uma pessoa bilíngue consegue desativar uma língua e só usar a outra em certas situações, uma pessoa bicultural não pode desativar determinados traços de uma de suas culturas quando se encontra em um ambiente monocultural.

Dr. Grosjean também ressalta que as várias culturas raramente têm exatamente a mesma importância para uma pessoa bicultural - uma cultura muitas vezes é dominante, como ocorre com o domínio de linguagem em bilíngues - mas a pessoa tem que navegar num meio que requer diferentes tipos de comportamento. Por um lado ela vive em um modo monocultural, uma vez que as pessoas à sua volta são em sua maioria monoculturais. Aqui ela tem que desativar a sua outra cultura da melhor forma possível. Se o seu conhecimento da cultura em questão é adequado, e a desativação é suficiente, ela pode se comportar de uma forma monocultural (como por exemplo participar de uma reunião de negócios de acordo com as regras dessa cultura).  No outro extremo, a pessoa entra em um modo bicultural quando está com outras pessoas biculturais que compartilham suas culturas. Elas usam uma cultura de base para interagir e, se quiserem, integram elementos da outra cultura na forma de opções culturais e de empréstimo.

Pessoas biculturais costumam dizer que a vida é mais fácil quando elas estão com outras pessoas com a mesma formação bicultural que elas. Elas podem relaxar e não se preocupar em fazer as coisas certas o tempo todo. Elas muitas vezes afirmam que os seus bons amigos (ou parceiros) são pessoas como elas, com as quais elas podem ficar totalmente à vontade com relação a suas línguas e suas culturas.
 
O artigo do Dr. Grosjean pode ser lido na íntegra aqui



Copyright © Claudia Storvik, 2011. All rights reserved.


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9 comentários:

Paloma Varón disse...

Interessante isso. Se pensarmos bem, se aplica até mesmo dentro do Brasil, com diferenças tão marcantes entre as regiões. Quem nasce em uma e vai morar em outra(s) passa por processo semelhante.
Beijos

Teresa Engren disse...

Oi Claudia
Achei super interessante o seu blog, você não tem ideia de como ele deve ser útil a muitas mães que moram fora do Brasil. Infelizmente quando eu me mudei para a Suécia não havia Internet mas eu tinha um quantidade alarmante de dúvidas, medos, teorias, ansiedade, etc mas não tinha com quem conversar.
Meus filhos agora estão com 19 e 15 anos, já passei dessa fase e posso falar sobre a minha experiência. Criar filhos bilingues é trabalhoso e necessitamos de muita persistência, muita imaginação, mas compensa. Meus filhos falam 5 línguas fluentemente ( português, inglês, sueco, espanhol e francês ). E meu filho estuda o alemão.

Sobre o biculturalismo, sempre comemoremos algumas datas brasileiras como o 22 de abril, o 13 de maio, o 7 de setembro, o 15 e o 19 de novembro com feijoada, pão de queijo, musse de maracujá, etc.
Sempre que íamos ao Brasil assistíamos a muitos teatros infantis e ao conto de estoiras ( que estava muito na moda há uns 10 anos ).
Também participamos das festas tradicionais suecas e as do país que estamos vivendo.
Meus filhos conhecem bem o samba e a Bossa Nova ( minha paixão ).

Tenho muito mais a contar, mas vou comentando aos poucos.

Anônimo disse...

Oi Claudia
Escrevi um depoimento longo da minha experiência e gostaria de mandá-lo para você, mas passa do limite de caracteres disponível nesse espaço. Você tem algum e-endereço para onde eu posso mandá-lo ?
Bjs
Teresa Engren

Claudia Storvik disse...

Oi Teresa. Obrigada pelo comentario. Se quiser pode mandar para filhosbilingues@yahoo.co.uk. Um abraco, Claudia

Gisele Fernández disse...

Oi Claudia! Conheci seu blog hj (agora) e AMEI!! Me identifiquei completamente com o teu resumo deste artigo sobre bicultura. Quero saber mais! Morei 6 anos em Londres e voltei agora em novembro de 2010 p/ o Brasil, onde nasceu meu filho, que acabou de completar 4 meses. Mas me arrependi, talvez porque nao consigo me re-adaptar ao monoculturalismo da maioria das pessoas aqui. Enfim, quero manter contato. Abraco,
Gisele

Gisele Fernández disse...

Ah, mais uma coisa. Posso citar teu texto no meu blog que estou criando? Com citacao de fonte, claro. Obrigada. ;)

Claudia Storvik disse...

Ola Gisele, obrigada pelo comentario. Fico feliz que tenha gostado do blog e espero que fique mesmo em contato. Um abraco, Claudia

Anônimo disse...

Ola Claudia, muito interessante seus artigos. Eu faco parte do Breacc - Brazilian Educational and Cultural Centre. Estaremos organizando um seminario em agosto para todos os profissionais da area de Educacao/Cultura da lingua Portuguesa Brasileira. Gostaria muito se possivel que entrasse em contato. Seria um prazer te-la no seminario.
www.breacc.com

Carla Silveira

Claudia Storvik disse...

Ola, Carla. Obrigada pelo convite. Voce pode entrar em contato comigo pelo email claudia.storvik@googlemail.com. Um abraco, Claudia

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