A estudante de Linguística Ana Paula Passos está procurando voluntários para participar de uma pesquisa relacionada à aquisição simultânea de vários idiomas por crianças. No texto abaixo Ana Paula dá detalhes da sua pesquisa. Você pode ajudar?
“A aquisição bilíngue vem despertando o interesse de estudiosos há muito tempo. Um dos primeiros trabalhos é o do linguista francês Ronjat (1913) que observou o próprio filho adquirindo as línguas francesa e alemã simultaneamente e constatou considerável progresso na aquisição de ambas as línguas, com poucos indícios de confusão entre as mesmas. Segundo Ronjat, esses pequenos indícios de confusão surgiam devido ao fato de tanto ele quanto sua esposa usarem, cada um, sua língua materna ao se dirigir à criança. Ronjat pretendia observar em que momento a criança enxergaria as duas línguas como dois sistemas linguísticos distintos.
O trabalho de Leopold (1949) veio a questionar o trabalho de Ronjat. Leopold insistia que ele e sua esposa falassem apenas em suas línguas maternas com a filha – assim como Ronjat - e constatou que a criança passou por uma fase em que usava palavras do inglês e do alemão em um mesmo enunciado linguístico. Assim, Leopold concluiu que a “confusão” que sua filha fazia - assim como o filho de Ronjat - era um indício de que as crianças estavam, na verdade, encarando o processo de aquisição de duas línguas como um processo único, híbrido.
Como estudante de Letras, prestes a iniciar o mestrado em Linguística, com foco na aquisição bilíngue, propus-me a pesquisar crianças bilíngues (Português/Inglês) para responder as principais questões:
- Definir em que momento dois sistemas linguísticos são tomados como distintos na aquisição bilíngue;
- Verificar a predominância de uma língua sobre a outra, com base no montante de input, a partir de estudos de caso específicos.
Para desenvolver esse projeto de pesquisa, preciso de 3 crianças bilíngues com idades entre 1,5 e 3 anos (recém completos) que tenham um dos pais falante nativo de português brasileiro e outro falante nativo de inglês. O próposito é perceber quando e como se dá esse processo de "confusão" que assusta tantos pais na hora de oferecer uma educação bilíngue aos filhos. Assim, precisarei de gravações de falas espontâneas dessas crianças em situações naturais de interação com família e amigos. As gravações seriam de 30 minutos, uma vez por semana.
Sou noiva de polonês e meus filhos, provavelmente, serão multilíngues! Além de ser uma questão pessoal, resolvi levar para o lado científico e transformar esse assunto em objeto teórico de estudo para tentar compreeender melhor esse processo de aquisição de duas ou mais línguas simultaneamente. Como futura mãe de crianças multilíngues e pesquisadora em aquisição de linguagem, gostaria de saber se alguém poderia contribuir para essa pesquisa com gravações de falas de seus filhos - que NUNCA terão os nomes divulgados por questões éticas do meio científico - para que possamos enriquecer ainda mais a literatura sobre aquisição de linguagem e educar nossos filhos da maneira mais apropriada - em questões linguísticas, é claro - sem medo de confundí-los.
Muito obrigada.
Ana Paula Passos”
Interessados em participar da pesquisa podem entrar em contato com Ana Paula pelo email anapassos88@hotmail.com ou pelo telefone +55 21 81088070.
7 comentários:
Ah que pena que tem que ser inglês nativo, o namorido é Hungaro e o filhote está crescendo com portugues, hungaro e apesar de procurarmos falar com ele em nosso idiomas, o inglês acaba entrando porque é a lingua que nos comunicamos.
Beijocas
Oi, vim parar aqui de paraquédas e me interessei em participar. Acontece que não seria eu e minha filha, já que ela só tem 8 meses, mas minhas irmãs e meus sobrinhos - um menino e uma menina de dois anos e dez meses.
Nos dois casos a mãe é brasileira e o pai também. Mas a mãe foi alfabetizada em inglês e português ao mesmo tempo, estudou sempre em escola inglesa aqui no Brasil (todas as matérias eram ensinadas em inglês) e fez faculdade na Inglaterra. Ou seja, apesar de não ser nativa, no sentido de ter nascido lá, fala como um, mas com um sotaque americano, não britânico.
Poderia conversar com eles para ver se topariam participar (sou professora de inglês e espanhol então também gosto do assunto), mas antes precisaria saber se da sua parte o fato das mães serem brasileiras é crucial ou não.
Obrigada,
Beijos.
Silvia
P.S. Esqueci de dizer que as crianças estudam em escola brasileira aqui no Brasil mas nós falamos com eles em português e inglês (eu também falo espanhol com eles às vezes). Todos os DVDs que eles assistem colocamos em inglês. Embora eles ainda tenham mais facilidade para falar frases completas em português eles usam vocabulário e expressões em inglês espontaneamente.
Ah, se a Ana Paula precisasse de outras linguas - meu marido é uruguaio, ele fala com o nosso filho em espanhol, eu em portugues e moramos em Israel. Ou seja, o Uri vai ser trilingue - portugues, espanhol e hebraico.
Sou linguista tambem e adoraria ajudar.. :-(
Boa sorte pra ela!
Olá Claudia, vim vindo na blogsfera e encontrei o seu cantinho. Bem bacana ter um blog pra manter os contatos com pessoas daqui.
Eu fui estudar ai e confesso que foi uma das melhores coisas que fiz na vida. Adoroooo encontrar pessoas que vivem ai pra seguir na blogosfera.
Bom se me permitir volto aqui novamente!
Acho que não consigo comentar com meu blog, não sei pq em alguns blogs não consigo. Bom mais de qualquer forma já te linkei, ai é só clicar em cima da minha fotinho que vc cai no meu blog.
Olá, Ingrid e Lu!
Agradeço imensamente o interesse e o contato. Gostaria sim, de expandir minha pesquisa p/ outras línguas - até pq meus filhos tb serão trilíngues: português, polonês e inglês. Mas, para isso, eu preciso ter um conhecimento gramatical maior em relação a algumas línguas, pois, minha pesquisa parte de um ponto gramatical para atingir os objetivos que mencionei no texto acima. Verificarei junto a minha orientadora a possibilidade de incluir crianças trilíngues para comparar com o desenvolvimento linguístico com as bilíngues. Então, vamos continuar mantendo contato, sim! Me enviem por e-mail a situação do filho de vcs, e qual o trio de língua que falam e onde vcs moram atualmente, pois um dos focos da pesquisa tb é verificar se o meio em que a criança vive tb tem influência nesse processo de aquisição de várias línguas simultaneamente.
Agradecendo mais uma vez a Claudia por se disponibilizar a divulgar minha pesquisa e ceder um espaço em seu blog. Lembrarei de todos os créditos quando a tese sair!
Abraços.
Oi Ana Paula,
Gostaria de poder ajudar, mas nao sei se minha situacao serve: meu marido e eu somos falantes de ingles nativos, e falamos apenas em ingles com nossa filha de 16 meses. Porem como sou meio brasileira e queira que ela fosse exposta ao Portugues, quando eu retornar para a faculdade ela passara a ser cuidada por uma "childminder" brasileira que tambem cuida de outras criancas meio-brasileiras e so se comunicam em Portugues entre si. No momento minha filha fala palavras avulsas em Ingles e Portugues mas nao acredito que ela tenha nocao de que se trata de duas linguas distintas, pois e muito novinha ainda.
Aposto que voce vai estar inundada de respostas, mas se precisar de algo estamos as ordens!
Um abraco,
V. Bird
www.noscamposdosul.blogspot.com
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