Quanto mais os pais conversam com seus filhos, mais rápido o vocabulário das crianças cresce e mais a sua inteligência se desenvolve.
Apesar disso parecer óbvio e ululante, foi apenas em 1995 que a importância de conversar com bebês foi demonstrada cientificamente, quando Betty Hart e Todd Risley, da Universidade de Kansas, publicaram uma pesquisa demonstrando uma estreita relação entre o número de palavras que os pais de uma criança falam para ela antes dos três anos de idade e seu sucesso acadêmico aos nove anos. O estudo "The Early Catastrophe: The 30 Million Word Gap by Age 3" mostrou que, aos três anos, crianças nascidas em famílias de nível educacional mais alto ouvem 30 milhões de palavras a mais do que aquelas nascidas em famílias mais pobres. As políticas que promovem a entrada de crianças na "pré-escola" aos quatro anos de idade não compensam a possível falta de educação em casa desde o nascimento até os três anos.
Mais recentemente, Anne Fernald, da Universidade de Stanford, constatou que a disparidade aparece bem antes de a criança completar três anos. De acordo com a pesquisadora, aos 18 meses, quando a maioria das crianças só fala uma dúzia de palavras, as crianças de famílias desfavorecidas já estão vários meses atrás das mais favorecidas. Na verdade, Anne Fernald acha que a diferenciação começa no nascimento. Aos dois anos, observou-se uma disparidade de seis meses nas habilidades de processamento de linguagem e vocabulário dos dois grupos.
A pesquisa de Stanford também deixa claro que são as palavras ditas diretamente para uma criança que constroem seu vocabulário. Colocar os filhos na frente da televisão não tem o mesmo efeito. Também não ajuda deixá-los expostos às conversas dos adultos. As palavras precisam ser ditas diretamente para a criança.
Os efeitos podem ser vistos no cérebro. Os bebês nascem com cerca de 100 bilhões de neurônios e as conexões entre eles se formam num ritmo exponencialmente crescente nos primeiros anos de vida. É o padrão dessas conexões que determina o quão bem funciona o cérebro, e o que ele aprende. Aos três anos, haverá cerca de 1.000 trilhões de conexões no cérebro, e são as experiências da criança que vão determinar quais conexões serão fortalecidas e quais serão podadas. Esse processo, gradual e mais ou menos irreversível, molda a trajetória de vida da criança.
O que os pais devem fazer na prática para garantir que seus filhos tenham essa vantagem na sua habilidade de processamento de linguagem e vocabulário? Como já recomendamos inúmeras vezes nestas páginas, os pais devem falar - muito - com seus filhos desde o nascimento (seja lá em que língua for). Eles devem falar diretamente para seus filhos. Eles devem também tentar usar um vocabulário bem variado.
No post ‘Como falar com seu bebê e estimular o desenvolvimento da linguagem’ você vai encontrar ótimas dicas. Mãos à obra!
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4 comentários:
Excelente texto, como sempre! Adoro acompanhar as publicações daqui!
Olá, muito interessante o seu blog.Gostaria de saber como vc consegue manter o portugues em casa, trabalhando fora e cuidando de casa além de outras atividades e cuidar das criancas.
Sou filha de imigrantes japoneses e mesmo quando meu pai falava conosco em japones, sempre respondiamos em portugues, apesar de entender o que ele nos dizia.
Entao encaro o mesmo problema com meus filhos. Meu marido é finlandes, e moramos na Finladia faz muitos anos. Quando meus filhos nasceram, já tinha fluencia no idioma.
Durante a licenca maternidade, sempre falava com as criancas em portugues, mas quando retornei ao trabalho e as criancas passaram a frequentar a creche com pouco mais de um ano, manter o portugues ficou muito mais dificil. Buscar as criancas no final da tarde da creche, cuidar dos afazeres domesticos e coloca-los para dormir, acabou-se o dia. Qunado pequenos, eles gostavam da Monica e de Cocorico. Infelizmente, eles nao sao bilingues.
Meu filho mais velho, hoje com 12 anos, entende bastante portugues mas nao fala. Minha filha cacula, com 9 se recusa a compreender o portugues.
E de uma certa forma, o idioma caseiro é o finlandes hoje. Mesmo morando cerca de Helsinki, em nossa comunidade nao existe a possibilidade de estudar portugues e nao temos amigos brasileiros por aqui.
Mesmo assim, a cultura brasileira e japonesa fazem parte do nosso dia a dia. Meus filhos adoram feijao e pao de queijo, além de gostarem de guarana e sushi.
Acredito que se as criancas estivessem passado todo o periodo pre-escolar em casa e eu nao estivesse trabalhando, a manutencao do portugues teria sido mais facil. Mas economicamente nao é viável, como no caso de imigrantes no Brasil.
Obridaga pelas dicas.
Olá gente, sou o Fábio e tenho um filho de 2 anos chamado Lucas que nasceu aqui na Austrália.
Cheguei aqui procurando dicas sobre como ajudar o Lucas a falar mais pois ele diz muito pouco para os seus 2 anos e 2 meses de vida. Nos preocupa um pouco mas ao mesmo tempo ele é muito ligado nos livros dele (os do Dr Seuss são os preferidos em inglês e a Bíblia da Turma da Mônica o preferido em português) e sempre traz um para que eu e a mãe leia. Âmbos falamos português em casa e inglês no dia-a-dia e o Lucas nos escuta falar em âmbas as línguas dependendo de quem esteja próximo.
Cláudia, agradeço o esforço em reunir todo esse material e aos muitos colaboradores pelo tempo e ajuda aos pais "noiados" como eu.
Em 2012, qd meu filho tinha 1 aninho, descobri seu blog e li, ou melhor, devorei tds os artigos. Sou brasileira, papai é dominicano(fala espanhol) e moramos na França. Nunca tive dúvidas qt à capacidade dos bjs de assimilação de vários idiomas, mas pesquisei bastante artigos científicos para mostrar p meu marido. Seu blog é sensacional! Me ajudou mt. Hj estou voltando por aqui pq uma amiga me pediu conselhos sobre o bilinguismo e me lembrei dos seus posts q são tao bons. E q boa surpresa de ver novos posts! Obrigada por continuar escrevendo! Grande abraço
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