terça-feira, 8 de março de 2011

Blogagem Coletiva: Mães Internacionais – Dia Internacional da Mulher

Hoje comemora-se o centésimo Dia Internacional da Mulher, uma data em que as Nações Unidas e grupos no mundo todo festejam os avanços das mulheres nas áreas econômica, política e social e lembram da sua luta por justiça, igualdade, paz e desenvolvimento.  

Para marcar este dia, as participantes do Blogagem Coletiva: Mães Internacionais estão fazendo uma postagem homenageando as mulheres em seus respectivos países de residência. Minha contribuição segue abaixo.

Mulher, Mãe e Rainha
Para este post, minha intenção era escolher uma única mulher britânica, que traduzisse claramente as características que mais admiro nas mulheres deste país, e escrever sobre ela. Passei dias pensando e tentando determinar quem seria essa mulher, fiz uma lista enorme, mas não conseguia me decidir.

Até que no domingo fui ao cinema assistir The King’s Speech (O Discurso do Rei) e comecei a pensar um pouco mais na mulher que é o centro nevrálgico do enredo e diretamente responsável pelo desenrolar da trama que inspirou o filme. Decidi que ela seria o objeto ideal de minha homenagem: a mulher que será sempre lembrada como a Rainha Mãe – e que Adolf Hitler considerava a mulher mais perigosa da Europa.


Elizabeth Bowes-Lyon nasceu na Inglaterra no dia 4 de agosto de 1900, durante os últimos meses do reinado da Rainha Victoria.

Quando Elizabeth tinha 14 anos a Primeira Guerra Mundial explodiu. O castelo de sua família foi transformado em um hospital e ela passou a trabalhar ali, levando a sério o lema de sua mãe, “o dever é o aluguel que pagamos pelas nossas vidas”. Essa experiência contribuiu para Elizabeth desenvolver sua habilidade de se relacionar com pessoas de todas as origens e classes sociais – uma qualidade que mais tarde a tornaria muito querida pelo povo britânico.

Depois da Primeira Guerra, Elizabeth passou a frequentar os círculos reais e conquistou uma legião de pretendentes. O segundo filho do Rei George V e da Rainha Mary, o Príncipe Albert, Duque de York, um homem tímido e gago, se apaixonou por ela, atraído por sua personalidade extrovertida, e decidiu pedi-la em casamento. Ela não queria fazer parte de uma família real e, segundo se conta, só aceitou o pedido do príncipe quando ele propôs pela terceira vez! Eles se casaram na Abadia de Westminster em 1923.  O casamento representou um rompimento com o passado, pois era fruto de um romance verdadeiro, e não de uma aliança entre famílias reais européias.

Os 14 anos seguintes foram tranquilos para o casal. Durante esse período Elizabeth ajudou seu marido a tentar superar sua gagueira, como mostrado em The King’s Speech. O casal teve duas filhas: Elizabeth, em 1926, e Margaret, em 1930.

Em 1936 o Rei George V morreu e Edward, o irmão mais velho de Albert, se tornou rei. No entanto, Edward logo abdicou do trono para se casar com Wallis Simpson, uma americana divorciada.  Inesperadamente, em 1937 Albert se tornou Rei George VI e Elizabeth se tornou Rainha Elizabeth.

Logo em seguida a Grã-Bretanha entrou na Segunda Guerra Mundial, durante a qual o rei e a rainha, juntamente com o Primeiro Ministro Winston Churchill, se tornariam símbolos da resistência britânica. A conduta de Elizabeth nessa fase contribuiu muito para a restauração do respeito pela monarquia após a crise provocada pela abdicação de Edward. 

Elizabeth foi aconselhada a se refugiar no Canadá com suas filhas durante o conflito, mas se recusou, dizendo: “As princesas não podem ir sem mim. Eu não posso ir sem o rei. E o rei jamais deixará o país ”. Ela continuou em Buckingham Palace, onde praticava tiro com um revólver diariamente, para a eventualidade de o inimigo tentar sequestrá-la.

Hitler acreditava que se atacasse a população civil ele poderia forçar os britânicos a se render, e em setembro de 1940 iniciou sua campanha de bombardeios diários ao país, que ficou conhecida como a Blitz (da contração popular inglesa da palavra alemã  blitzkrieg, ou ‘guerra relâmpago’). Londres era o alvo principal. Houve muitas mortes: no primeiro dia de bombardeios 430 pessoas morreram e 1.600 ficaram gravemente feridas. Após algumas semanas os ataques passaram a ser feitos à noite, para aumentar o medo das pessoas e enfraquecê-las por não permitir que dormissem direito - para se proteger, a população de Londres tinha que dormir nas estações de metrô.  A campanha durou até maio de 1941.

Durante a Blitz, Elizabeth achou que era sua obrigação levantar o moral da nação. Juntamente com seu marido, começou a fazer visitas regulares a regiões de Londres que haviam sido atingidas, mesmo com o risco de bombas não detonadas explodirem durante as visitas. O próprio Palácio de Buckingham foi bombardeado diretamente nove vezes, mas o rei e a rainha escaparam ilesos – em algumas ocasiões por um triz. Turistas que visitam o palácio hoje podem ver algumas das áreas que foram destruídas durante os bombardeios (e subsequentemente restauradas). Os ataques ao Palácio de Buckingham fizeram com que Elizabeth se sentisse mais próxima do seu povo e das dificulades pelas quais estavam passando. Determinada a cumprir sua missão e transmitir otimismo, a rainha visitava áreas bombardeadas quase que diariamente, assim como hospitais e bairros pobres, confortando e encorajando a população. Seu charme e calor humano foram captados em filme e mostrados em noticiários no mundo todo, e sua campanha foi tão bem sucedida que Hitler a declarou ‘a mulher mais perigosa da Europa’.



Após o final da guerra, em 1952 George VI morreu de câncer. Apesar de ter sido um monarca reticente no princípio, ao final do seu reinado ele havia se tornado imensamente popular, tanto que mais de 300.000 pessoas compareceram ao seu velório.  

Elizabeth ficou enlutada durante um ano e se refugiou em um castelo numa área remota da Escócia. Foi Winston Churchill quem a persuadiu a voltar à vida pública.  Ela então começou sua carreira como Rainha Mãe e avó mór da nação. Ela passou a patrocinar mais de 350 organizações e atuava com grande entusiasmo em cada uma delas. Em 1958 um repórter canadense cunhou o apelido Queen Mum (Rainha Mamãe), que pegou.

Rainha Mãe apoiou sua filha da mesma forma que havia apoiado seu marido. Desde o início do seu reinado até a morte de sua mãe em 2002 a Rainha Elizabeth II teve contato diário com ela. Os Windsor passaram por muitas dificuldades nas últimas décadas, especialmente os vários divórcios e a morte trágica da Princesa Diana, mas durante todas essas tribulações, até a sua morte a Rainha Mãe foi a pedra de sustentação no centro da família. Suas maneiras afáveis escondiam uma tremenda determinação e uma percepção clara do que a família real britânica deveria ser.

Ao morrer em 2002, aos 101 anos, a Rainha Mãe era o membro mais querido e respeitado da realeza britânica. Ela havia contribuído mais do que qualquer outra pessoa para estabelecer a Casa de Windsor no coração da nação. Tendo ido além do seu dever, Elizabeth havia amado seu povo. E o povo, sem nenhuma dúvida, também amou essa mulher, que foi um ícone de dignidade e coragem. Ela é totalmente merecedora desta singela homenagem no Dia Internacional da Mulher.


Copyright © Claudia Storvik, 2011. All rights reserved.

Para ler os posts de outras mães participantes da Blogagem Coletiva: Mães Internacionais em homenagem ao Dia Internacional da Mulher acesse os links abaixo. Visite tambem o novo site do grupo: http://www.maesinternacionais.com/


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9 comentários:

Ingrid Gomes disse...

Sem duvida uma mulher forte e admirável!
Parabéns pelo post e Feliz Dia Internacional da Mulher!

Bjs

Ingrid

Cristina disse...

Oi Claudia. Você sabia que a Rainha Mãe falava francês fluentemente aos 10 anos de idade? Ela foi uma criança bilíngue. Tem também uma conexão norueguesa. Depois que ela ficou viúva o Rei Olav da Noruega ficou muito seu amigo e segundo dizem queria casar com ela. Olav era filho do Príncipe Carl da Dinamarca e da Princesa Maud da Inglaterra e também cresceu num lar bilíngue. Já pensou se eles tivessem se casado? Parabéns pelo post e pela escolha da homenageada. Cristina

Fernanda disse...

Claudia, adorei seu post! Concordo plenamente! Este filme eh lindo e eu nao conhecia a historia inusitada de como o George VI foi parar no trono. Com certeza ela eh a metafora perfeita para o dito "por traz de um grande homem, ha sempre uma grande mulher". ;)

Beijos e parabens para vc tambem!

Neda disse...

Claudia,
Você escolheu minhas personagem favorita da história moderna inglesa!
O filme é uma delicia, não é mesmo?
Feliz Dia Internacional da Mulher
Bjs

Ingrid disse...

Olá, sou Ingrid e moro na Holanda. Encontrei teu blog através de um link divulgado em uma comunidade do orkut. Sou casada com holandês e nosso filho de 1 ano também esta sendo criado em 3 idiomas: português (eu), holandês(marido) e inglês(eu-marido-igreja e ex-creche). Já salvei nos meus favoritos.

Feliz dia das mulheres para você também. Gostei muito de conhecer um pouco sobre a Rainha Mãe.

Nivea Sorensen disse...

Cláudia,
Eu já assisti The King's Speech mais de uma vez e adorei ler sobre a Rainha Mãe.
Um beijo e um feliz dia da mulher para voce,
N.

Unknown disse...

Oi Cláudia, adorei seu post, sou professora de Inglês e estou sempre a procura de novidades para meus alunos. Como gosto de trabalhar as datas comemorativas, esse seu post para mim foi excelente muito bem explicado.
Feliz dia Internacional da Mulher.
Bjs.

Carine disse...

Claudia que saudades que deu da Inglaterra, vou ver o filme com certeza, obrigada pela dica;) eu quando morava ai sempre quis vê-la, mas nunca deu:(, eu e minhas amigas moravamos perto do Buckingham Palace, eramos apaixonadas por ela. Uma vida e tanto, vc escolheu bem homenagea-la. Vou voltar com certeza te visitar, meus filhos estao aprendendo francês, portugês e inglês, este mais com muitas cançoes. beijo no coraçao e parabéns pelo seu dia todos os dias.
Carine

D. disse...

Claudia, como sempre quando leio teus posts, fico arrepiada. Lindo demais. Ela foi uma verdadeira rainha. Linda homenagem.
bjo!

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